santa maria

Parceria entre comunidade e polícia garante mais de 30 câmeras em Camobi

Marcelo Martins

Foto: Pedro Piegas (Diário)
Camobi conta com duas centrais de monitoramento. A primeira foi inaugurada no começo do ano e funciona junto à Polícia Civil. A mais recente é da BM (foto) e já está em operação

O vazio deixado pelo poder público tem sido, nos últimos anos, o motivador por parte de associações de bairros e vilas a buscarem soluções para demandas que, a princípio, deveriam ser enfrentadas pelo Estado. Santa Maria, com seus quase 300 mil habitantes, não foge desse contexto. Por aqui, a questão da segurança pública é um tema que preocupa a todos, independentemente da região da cidade.

E foi por meio da união de moradores de Camobi, o maior bairro da cidade, com 21 mil habitantes, que surgiu, em 2015, uma iniciativa de suprir ou, ao menos, minimizar o vácuo deixado pelo poder público. Há quatro anos, um grupo de 15 empresários fez frente à criação da Associação Camobi Segura.

Ao se levar em conta a quantidade de pessoas que circulam por dia no bairro, a população em Camobi chega perto de 50 mil pessoas. Assim, moradores e o empresariado local criaram, no fim de 2015, a associação de bairro. De lá para cá, o engajamento só aumentou e deu o tom nas relações e em investimentos.

Moradores de 28 municípios da região têm reajuste na tarifa da Corsan

Apenas, no ano passado, a parceria rendeu à Brigada Militar um investimento de R$ 80 mil. A cifra veio de doações da comunidade, com contribuições a partir de R$ 50. Com o investimento, foi possível reformar a sede do batalhão da BM, perto da rótula da UFSM, e consertar mais de duas dezenas de viaturas e comprar 10 tablets. Além disso, um abrigo coberto para as viaturas será construído, neste semestre, com recursos por meio da comunidade.

O capitão Alexandre Lacerda, comandante do 3º Esquadrão do 1º Regimento da Brigada Militar, que cobre Camobi, acompanha desde o início a associação de bairro. Segundo ele, é visível e notória a relação de troca e de ganho mútuo.

- É uma sinergia entre as forças de segurança e a sociedade. Com as câmeras de segurança e os grupos de comunicação (por meio de aplicativos de celular), temos os olhos multiplicados. Todos se somam e o ganho é para o cidadão de bem. A comunidade em Camobi, por exemplo, fala direto com a viatura. Não há necessidade de ligar para o 190. E sem dizer que o custo é zero para o Estado.

Empresas, condomínios e profissionais liberais arcam com a compra, a instalação, a manutenção e a internet das câmeras. A polícia fica responsável pelo monitoramento.

AGILIDADE
Outro ganho, reforça o comandante Lacerda, é quanto ao tempo de resposta. Segundo ele, a média é de três minutos desde o comunicado até a verificação do caso. O capitão diz que, desde que se iniciou e com a consolidação da parceria com a Associação Camobi Segura, o bairro teve queda de 60% em arrombamentos e de 70% nos roubos a estabelecimentos comerciais.

- O último roubo a um estabelecimento comercial se deu há pouco mais de um mês em uma lotérica. Logo que fomos comunicados, analisamos as imagens de uma rua, próximo da lotérica, e vimos os criminosos saindo do local. Em instantes, demos a busca aos criminosos e, em 10 minutos, eles foram encontrados no Bairro São José. Estavam armados e com dinheiro. Nós os prendemos de imediato - conta.

Ainda que a segurança pública seja uma obrigação do Estado, investir na área também é de responsabilidade de todos, reforça o delegado Gabriel Zanella, que comanda a Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa:

- Esse tipo de iniciativa é positiva e poderia ser replicada em outros bairros. As câmeras ajudam na prevenção e também na elucidação. E sem dizer que essas câmeras são de alta resolução, o que ajuda e muito nas investigações - diz o delegado, ao lembrar que Camobi teve apenas um homicídio neste ano.

O lançamento da central de monitoramento foi ontem à tarde, mas as câmeras já estavam em funcionamento há um mês. Um policial fica, a cada turno de seis horas, analisando as imagens das 37 câmeras que funcionam 24 horas em duas centrais em Camobi: uma na Polícia Civil e, outra, na Brigada. Elas ficam em pontos estratégicos e próximas de possíveis alvos da criminalidade como bancos, estabelecimentos comerciais e escolas.

PARCERIA QUE SE TRADUZ EM NÚMEROS

  • A Associação Camobi Segura foi criada em dezembro de 2015, por iniciativa de 15 empresários. Hoje, tem cerca de 250 colaboradores da iniciativa privada e de condomínios 
  • Em três anos e meio, foram aportados mais de R$ 200 mil em melhorias junto às forças de segurança (BM, Polícia Civil, Guarda Municipal, Bombeiros e polícias rodoviárias)
  • Há 37 câmeras ativas em vias que são pontos estratégicos (perto de bancos, estabelecimentos comerciais, lotéricas, escolas e nas entradas e saídas do bairro
  • Nas próximas semanas, serão mais de 50 câmeras
  • As imagens são captadas em duas centrais de monitoramento, na Brigada Militar e na Polícia Civil
  • Em 2016, Camobi teve 14 arrombamentos (em casas e empresas). Em 2018, foram 8. Em 2019, apenas 2 até agora

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Suspeitos de atacar propriedade rural no interior de Restinga Sêca são presos Anterior

Suspeitos de atacar propriedade rural no interior de Restinga Sêca são presos

Suspeitos de atacar propriedade rural em Restinga Sêca são perseguidos pela BR-287 Próximo

Suspeitos de atacar propriedade rural em Restinga Sêca são perseguidos pela BR-287

Polícia/Segurança